Chegadas e Partidas

Mudanças fazem parte da vida do ser humano. No SFA não seria diferente, não é? Apesar de serem momentos delicados, chegadas e partidas preparadas com cuidado podem fortalecer a criança e o adolescente. Para isso, é necessário pensar nessas transições, nos rituais de despedida e também realizar a articulação entre todos os atores envolvidos para que não haja rupturas, pois são esses pontos que irão garantir boas experiências, tanto para a criança e/ou adolescente quanto para as famílias. Como é possível construir este caminho?

A medida de acolhimento é provisória, ou seja, ela acontece por tempo determinado, seja ela familiar ou institucional e está prevista no Art. 101, § 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Dessa forma, ao trabalhar com esse tema, as ações são definidas pela transitoriedade. Assim, o trabalho da equipe técnica se inicia efetivamente com a chegada da criança ou adolescente ao SFA. É a partir desse momento que propostas de intervenção e acompanhamento deverão ser elaboradas pelos profissionais e serviços da rede de proteção para garantir os direitos da criança e/ou adolescente acolhido.

Quais são os procedimentos assim que a criança ou adolescente chega?

Ao ser recebido na sede do SFA, independentemente da idade, é importante que a equipe técnica possa conversar com o acolhido sobre que lugar é aquele e o porquê de ele estar lá. As possíveis dúvidas devem ser escutadas com uma postura muito acolhedora e afetiva.

Para que a adaptação da criança ou do adolescente seja a melhor possível, as mudanças na rotina ou eventos significativos podem ser marcadas com rituais. Mas como seria isso? Cada família terá seus próprios rituais e maneiras de celebração, algumas vão promover um lanche ou refeição mais especial, outras podem presentear a criança e/ou adolescente com algo simbólico, podem também fazer algo fora do comum como um passeio diferente.

E quando a criança e o adolescente deixam a medida protetiva?

Assim como a chegada e a adaptação são processos graduais, a saída também deverá ser. Cotuma-se dizer que a preparação para o encerramento da medida protetiva começa no primeiro dia de acolhimento. Isso significa que o desenrolar do trabalho no SFA é caracterizado por ações que buscam garantir a provisoriedade e os encaminhamentos para que haja efetividade nas ações. Importante lembrar que isso não é algo de responsabilidade estrita da equipe técnica!

Sair da família acolhedora também é uma passagem bastante significativa, repleta de diversos sentimentos que podem ser contraditórios. Aqui, os rituais também se fazem necessários. Portanto, o ritual de despedida, ao mesmo tempo que fecha um ciclo, abre a conquista de poder estar com e pertencer a sua família. Exemplos de rituais de despedida são: celebrações que envolvam as pessoas que fizeram parte da vida da criança até ali, troca de presentes (especialmente aqueles que carregam valor simbólico), cartas e lembranças entre família acolhedora e criança ou adolescente, programações “especiais” do desejo da criança e da família etc.

Celebrar a saída do acolhimento é importante, pois essa mudança é mais um marco na vida da criança ou adolescente. Esse momento precisa ser discutido entre todos os envolvidos no processo, tirando possíveis dúvidas e inseguranças, de forma a valorizar a maneira como o núcleo familiar vai se constituindo, seja através de uma reintegração familiar ou de um encaminhamento para família por adoção.

Saiba mais sobre como trabalhar as chegadas e partidas no SFA no Caderno 6 do Guia de Acolhimento Familiar.

 

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