Formação e seleção de famílias acolhedoras

O Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora é uma política pública que depende diretamente da participação da sociedade, sobretudo para que haja número suficiente de famílias acolhedoras. Encontrar famílias candidatas com perfil, aptidão e disponibilidade para o acolhimento de crianças e adolescentes não é tarefa fácil.

O processo envolve a divulgação permanente e a apresentação do SFA em espaços da comunidade para que mais famílias possam se inscrever para o acolhimento. As famílias interessadas passarão por diversas etapas de seleção e preparação criteriosas, considerando o contexto de cada caso. Serão palestras, visitas domiciliares, entrevistas e formação. Após a seleção e cadastro da família no serviço, é importante garantir sua formação continuada por meio de acompanhamento técnico e participação em grupos com as outras famílias acolhedoras para que possam fornecer um suporte de qualidade para as crianças e/ou adolescentes que acolhem.

Após a divulgação, feita pelas mais diversas vias (entenda melhor em “Mobilização de famílias acolhedoras”), espera-se que um grupo considerável de pessoas se inscreva para a palestra inicial de apresentação do SFA. A inscrição de famílias candidatas deve sempre estar aberta e ser feita por vias que facilitem o acesso dos interessados: e-mail, site, contato telefônico, por WhatsApp ou pessoalmente com a equipe do serviço. Para saber mais sobre como fazer a elaboração de um formulário efetivo, consulte o Caderno 4 do Guia de Acolhimento Familiar.

Trata-se de um processo de preparação e, ao mesmo tempo, de avaliação e estudo psicossocial, com o objetivo de identificar aspectos que qualificam ou não a família para sua participação. Entrevistas com a família interessada e visita domiciliar fazem parte dessa etapa do processo. Características como flexibilidade, disponibilidade e abertura serão fundamentais para que a família se torne parceiro do serviço. Existem critérios mínimos para análise durante o processo inicial, objetivos e subjetivos (confira “Critérios necessários para ser uma Família Acolhedora”), mas também cabe à equipe profissional estudar cada situação a partir de suas percepções e experiência.

Após a pré-seleção e análise criteriosa, é feita a avaliação dos documentos apresentados pela família candidata a acolhedora. É importante que todos os adultos que moram na residência apresentem sua documentação.

A etapa de formação inicial das famílias selecionadas pode ocorrer de forma individualizada, família a família. Porém, sempre que houver a possibilidade, o trabalho em grupo é recomendado.

Neste momento, os candidatos terão oportunidade de conhecer de forma mais aprofundada os aspectos relacionados a um Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora, as especificidades da dinâmica do trabalho e os objetivos do acolhimento familiar para crianças e adolescentes. Sugere-se um mínimo de 20 horas para a formação inicial das famílias candidatas, lembrando que, posteriormente, as famílias habilitadas e participantes receberão formação continuada do SFA. As Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes (2009) sugerem temas essenciais a serem contemplados na formação inicial para famílias acolhedoras. Para aprofundar-se no assunto, confiram também o Caderno 4 (item 4.1) do Guia de Acolhimento Familiar.

Durante qualquer etapa da seleção e formação inicial, a família candidata ou a equipe do SFA poderá solicitar o agendamento de um atendimento para conversarem sobre o processo em andamento. Caso verifique-se que a família não está apta ou não se encaixa nos critérios de seleção, é importante que sejam informados prontamente e seja interrompida a formação, evitando o desgaste emocional e de tempo das partes envolvidas.

Para as famílias que completarem a formação inicial, a equipe técnica também deverá agendar um atendimento para que seja feita a devolutiva. Será o momento em que as famílias poderão realizar sua própria autoavaliação e ainda apresentar observações sobre o processo vivenciado. Os profissionais, após discussão prévia e levantamento dos pontos importantes observados no decorrer de todas as etapas, também deverão cuidadosa e respeitosamente analisar os potenciais, as fragilidades que precisam ser trabalhadas ou, ainda, as questões que são impeditivas para a participação da família no SFA.

Nesse momento, as famílias aptas à participação, em conjunto com a equipe técnica, definirão o perfil da criança e/ou adolescente para acolhimento. Além de considerar o perfil sugerido pela família acolhedora, caberá à equipe técnica fazer recomendações a partir da avaliação realizada durante a seleção/formação inicial. O compromisso é firmado a partir da assinatura o Termo de Adesão.

As famílias acolhedoras deverão ter suas informações pessoais em um cadastro específico, preenchido e atualizado permanentemente pela equipe técnica do SFA. O cadastro deve conter a composição familiar, formas de contato, endereço e condições de moradia, dados sobre a educação dos filhos, relações familiares e perfis de acolhimento. O cadastro deve ser mantido em um prontuário, junto com os documentos solicitados durante o processo de seleção e o registro das observações realizadas em reuniões, entrevistas e visitas. Sugere-se que essas informações permaneçam em arquivo protegido e permanente na sede do SFA.

As famílias que realizam o acolhimento são parte fundamental do funcionamento do SFA. Por isso, o diálogo, a cooperação e a confiança devem ser desenvolvidos e reforçados constantemente. O acompanhamento contínuo é uma ferramenta muito importante para manter a boa relação entre equipe técnica e família acolhedora e para que todos entendam seus papéis (saiba mais em “O papel da família acolhedora”). Além dos encontros individuais, seja em visitas domiciliares ou na sede do SFA, as reuniões com outras famílias são muito benéficas. Outro ponto importante é a definição de uma dupla psicossocial para acompanhamento de cada família acolhedora, criança acolhida e família de origem. Essa estabilidade garante a concentração das informações sobre cada caso para que as melhores decisões sejam tomadas.

Para entender melhor a metodologia do acompanhamento da família acolhedora, confira o Caderno 5 do Guia de Acolhimento Familiar.

Divulgue essa ideia

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