Diferenças no acolhimento de bebês, crianças e adolescentes

As famílias acolhedoras são parte fundamental do Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora (SFA), representando sua equipe estendida. Todo o trabalho cotidiano de cuidado, interação social, lazer, acompanhamento escolar e do processo de desenvolvimento é vivenciado principalmente pela família acolhedora. Portanto, os vínculos que a criança e/ou adolescente vai estabelecer com ela precisam ser de muito afeto e confiança. Quando as famílias têm clareza do próprio papel, o vínculo, o afeto e o apego são entendidos como necessários e imprescindíveis para o sucesso do acolhimento.

Mas você já pensou que existem diferenças no acolhimento de bebês, crianças e adolescentes?

A maioria das crianças e adolescentes que são acolhidos em famílias acolhedoras viveram situações delicadas e adversas antes do acolhimento. Considerando as especificidades e necessidades de cada fase do desenvolvimento, a equipe técnica do SFA pode planejar a formação inicial e continuada das famílias acolhedoras levando em consideração as diferenças nas faixas etárias e as demandas das crianças e/ou adolescentes.

Como selecionar e formar essas famílias?

Alguns aspectos da seleção e formação das famílias acolhedoras poderão ser reforçados durante o acolhimento, uma vez que são desenvolvidos e aprimorados a partir da prática e da experiência de acolher. Estes aspectos são válidos independentemente da idade da criança e/ou adolescente, como:

  • comprometimento em acolher;
  • estabilidade emocional para lidar com despedidas;
  • flexibilidade e vontade de aprender;
  • disponibilidade emocional e de tempo;
  • capacidade para estruturar uma rotina e regras de convívio.

Entretanto, cada etapa de desenvolvimento da criança e do adolescente possui suas especificidades, logo é importante observar quais famílias que se encaixam melhor a cada etapa, seguindo a ideia de “uma família para cada criança ou adolescente”.

Primeira Infância

Período que compreende da gestação aos 6 anos de idade. Nele existe uma possibilidade de desenvolvimento cognitivo muito grande, pois esse é o período no qual mais absorvemos e processamos informações. Portanto, esse período é o que mais exige interação constante com a família acolhedora. É necessário prover atenção e cuidado individualizado a todo momento, contato físico e afetivo, uma rotina estruturada, espaço amplo e protegido para movimentação livre e exploração do ambiente e comunicação constante para auxiliar no processo de aquisição de linguagem.

Segunda Infância

Período que compreende dos 6 aos 12 anos. Essa fase é marcada pela curiosidade e as crianças ingressam e se desenvolvem no processo de escolarização. A maior necessidade por interações sociais exigem da família acolhedora: ser aberta a dialogar sobre a vida e experiências da criança anteriores ao acolhimento, estar disponível para auxiliar em tarefas escolares e extracurriculares, promover, incentivar e orientar as interações com os pares, saber ouvir e responder perguntas, estimular a criatividade e ludicidade, além de ser capaz de dialogar sobre mudanças corporais e limites de interação com outras pessoas para sua própria segurança e bem-estar.

Adolescência

O período da adolescência, aproximadamente dos 12 aos 18 anos, é marcado por transformações diversas, pela construção de identidade e pela vivência de conflitos pessoais e relacionais. É uma fase de intensas experiências na qual os acolhidos buscam construir uma trajetória para a vida adulta e a consequente independência e autonomia. A família que pretende acolher adolescentes deve observar e cultivar características como flexibilidade para lidar com as características, situação e ações individuais; disponibilidade para auxiliá-los a se desenvolverem no ambiente escolar, profissional e financeiro e ainda tranquilidade para transmitir conhecimentos sobre educação sexual e para auxiliá-los na construção da autonomia.

Independentemente da idade do bebê, da criança ou do adolescente acolhido, a família acolhedora deve entender que o SFA é baseado na transitoriedade, na corresponsabilidade, na confiança e no afeto. Saiba mais sobre o acompanhamento da família acolhedora e da criança e/ou adolescente acolhida no Caderno 5 do Guia de Acolhimento Familiar.

 

Aproveite para assistir ao vídeo “Acolhendo bebês, crianças e adolescentes”:

Divulgue essa ideia

Divulgar a proposta do SFA e mobilizar famílias interessadas em acolher são etapas fundamentais para o sucesso do serviço! Mas a comunicação desta causa é muitas vezes um desafio para as equipes, que já desempenham tantas funções. Conheça e use gratuitamente o material de divulgação disponibilizado aqui.