Trabalhando com a Família de Origem

O trabalho com a família de origem é uma das prioridades do serviço de acolhimento, visto que a reintegração da criança e/ou adolescente é o principal objetivo. E como esse trabalho é realizado no SFA? Assim que é feito o encaminhamento da criança ou do adolescente para o acolhimento em família acolhedora (entenda melhor os Fluxos de Atendimento do SFA), a equipe técnica inicia o trabalho com a família de origem do acolhido ou acolhida. Esse trabalho é feito com muito cuidado, transparência e diálogo para auxiliar a família a superar as situações e condições que levaram ao afastamento da criança e/ou adolescente do núcleo familiar. Por ser um trabalho complexo e que demanda muita atenção individualizada, esse pode e deve envolver, de acordo com cada caso, a assistência social e as demais políticas públicas, como: educação, saúde, habitação, entre outras.

Na maioria das vezes, é possível perceber que as situações que levaram à medida protetiva são resultado da vulnerabilidade social e da fragilidade do núcleo familiar. Por vezes, o convívio não saudável pode ser reflexo do que os adultos sofreram quando crianças. Quebrar esse ciclo de sofrimento não é tarefa fácil. Por isso, é importante que a metodologia de acompanhamento dessa família seja sistemática e próxima. Ou seja, tenha passos claros e definidos e aconteça a partir de contatos constantes. Saber que cada caso é um caso e preparar-se para acompanhar a família é uma parte fundamental do trabalho da equipe, sobretudo da dupla psicossocial responsável por este acompanhamento no SFA.

Como pode ser feito esse acompanhamento?

Entre as estratégias possíveis e mais utilizadas, temos:

  • A entrevista, realizada na sede do SFA, respeitando a privacidade e situação da família, para estabelecer conexão mais próxima entre as partes;
  • A visita domiciliar, que auxilia na observação da dinâmica familiar e no mapeamento da rede de serviços que pode auxiliar na reintegração;
  • Encontros com outras famílias de origem ou extensas que estão passando, ou já passaram, pelo mesmo momento;
  • Referenciamento da família à rede de serviços, com discussões e acompanhamento dos profissionais responsáveis;
  • Estudo da situação em reuniões técnicas da equipe do SFA.

E quais são as etapas do trabalho de acompanhamento?

A primeira etapa é o contato feito pela equipe do SFA com a família de origem. Neste momento, possivelmente surgirão muitas dúvidas e ideias equivocadas sobre o que é o acolhimento familiar e o que acontecerá. É importante que os profissionais informem essa família sobre os objetivos do trabalho e os próximos passos, mantendo o diálogo respeitoso e a transparência. Esse momento também ajuda a estabelecer uma relação de confiança entre a equipe e a família.

A próxima etapa, que pode acontecer simultaneamente, é o levantamento de informações sobre a família de origem. Como o acolhimento é a última medida para garantia dos direitos da criança e/ou adolescente, a família provavelmente já era acompanhada por outros atores da rede de serviços. A partir da Guia de Acolhimento expedida no encaminhamento ao SFA, a equipe tem acesso a essas informações e deve entrar em contato com os profissionais para compreender melhor a situação da família e criar novas estratégias de investimento no núcleo familiar.

Em seguida, deve-se definir quem serão as pessoas envolvidas no atendimento, considerando além dos pais, os familiares próximos e as pessoas significativas para o grupo familiar e para a criança e/ou adolescente.

A partir disso, então, deve ser elaborado o Plano Individual de Atendimento (PIA) e o Plano de Ação para a situação específica. É importante entender e apostar no desejo da família pela reintegração da criança e/ou adolescente ao núcleo familiar, ou seja, todo o investimento da equipe técnica será em auxiliar a família a reassumir os cuidados de seus filhos. A equipe, acompanhada da rede de serviços e junto com a própria família de origem, deve identificar as dificuldades e capacidades do núcleo familiar e traçar um plano para fortalecê-lo e auxiliá-lo a superar os problemas identificados.

Durante todo o processo de acolhimento, a convivência entre a criança e/ou adolescente e seu grupo familiar de origem deve fazer parte da rotina e do trabalho, exceto quando proibido judicialmente. Os encontros devem, em princípio, acontecer na sede do SFA, ao menos semanalmente.

Se for identificado que o melhor caminho é a reintegração familiar, a equipe do SFA (se possível a mesma que fez o acompanhamento anterior) continua o acompanhamento da família por pelo menos seis meses após o retorno da criança e/ou adolescente à família de origem ou extensa, conforme as Orientações Técnicas (OT). As mesmas estratégias de acompanhamento serão utilizadas, observando-se a adaptação de todo o núcleo familiar e auxiliando na construção das novas relações de convívio.

Para se aprofundar neste tema, consulte o Caderno 5 do Guia de Acolhimento Familiar.

 

Assista também ao vídeo “O trabalho com as famílias de origem”:

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