Critérios para ser uma Família Acolhedora
Ser família acolhedora é cuidar, dar colo, proteção e muito carinho em um momento de vida fundamental para uma criança ou adolescente que precisou ser afastado de sua família de origem. É um trabalho gratificante para quem acolhe e com certeza transformador para a criança ou adolescente que é acolhido.
No entanto, ser uma família acolhedora não é tarefa simples! Muitas das crianças e adolescentes em medida de proteção passaram por vivências de rupturas, traumas e perdas em suas histórias pessoais e, portanto, necessitam de famílias acolhedoras disponíveis, afetuosas e abertas para novas aprendizagens e experiências de cuidado e proteção. Além disso é necessário que a família esteja disponível para oferecer acolhimento temporário, entendendo que a medida de acolhimento é provisória e não constitui vínculo de filiação com a criança e/ou adolescente.
Ter filhos ou cuidar de crianças não garante que uma família tenha perfil adequado para participar do Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora (SFA). A participação no serviço de acolhimento tem objetivos claros, regras, especificidades e demandas que nem todos conseguem cumprir. E por mais que uma família tenha o desejo de acolher, pode ser que ela não tenha o perfil necessário ou não esteja no melhor momento para isso.
Minha família pode acolher?
Os profissionais do SFA são responsáveis pela seleção e formação inicial das famílias inscritas como possíveis acolhedoras, e através de conversas e entrevistas vão entender se a família está apta para acolher ou não!
Importante destacar que todas as configurações familiares são bem-vindas, o que se busca são adultos responsáveis, disponíveis e que possam oferecer o melhor cuidado possível.
E quais os critérios necessários para se tornar uma família acolhedora?
- Maioridade legal;
- Não estar em processo de habilitação ou habilitado no Sistema Nacional de Adoção, conforme Art.34, § 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA);
- Concordância de todos os membros da família que residem no domicílio em fazer parte do SFA;
- Residir no município ou região;
- Não ter antecedentes criminais, comprometimento psiquiátrico e/ou dependência de substâncias psicoativas (regra para todos os membros da família que residem no domicílio);
- Disponibilidade para participar do processo de formação inicial;
- Tempo para comparecer às atividades programadas pelo SFA e para o acompanhamento sistemático da equipe técnica;
- Disponibilidade para atender às necessidades de cuidados da criança e/ou adolescente (levar e buscar na escola, visitas ao médico e outros profissionais, atividades extracurriculares, reuniões escolares, entre outros);
- Comprometimento com a função de proteção até o encaminhamento da criança e/ou adolescente para a família de origem e/ou extensa ou família por adoção.
Além desses critérios há algumas características importantes que são consideradas na hora da seleção de uma família acolhedora.
- Características como flexibilidade, disponibilidade e abertura serão fundamentais para que uma pessoa possa se tornar parceira do Serviço.
- Como política pública, o acolhimento em família acolhedora está orientado por leis, normativas e diretrizes claras que precisam ser respeitadas pelos acolhedores.
- Clareza em relação à motivação: desejo de se engajar em um serviço de acolhimento provisório e não o desejo por filhos biológicos ou adotivos.
- Reconhecimento da provisoriedade do cuidado e do entendimento de que a criança ou adolescente não se tornará um membro da família.
- Abertura para o trabalho em equipe, já que a família acolhedora é acompanhada e orientada pela equipe do SFA.
- Respeito às diferenças sociais, religiões e/ou crenças, diferenças raciais, orientações sexuais, entre outras: a família deve ser tolerante às diferenças e aberta a reflexões e mudanças.
Acolher uma criança é uma forma de amor indescritível. Não sabemos se a criança se recordará de nossa existência no futuro, mas colocamos nosso coração e nossa alma para que aquele ser esteja e fique bem. E essa criança e/ou adolescente não sabe, e talvez nunca saiba, que a cada sorriso reconhecendo nossa voz, a cada nova descoberta e a cada demonstração de confiança e segurança entendemos o sentido do nosso papel.”
Camila, família acolhedora