O principal motivo para a priorização do atendimento em família acolhedora é o cuidado individualizado e o convívio familiar, permitindo que a criança receba a atenção necessária e siga o curso de seu desenvolvimento (entenda melhor em A importância dos vínculos). Para crianças e adolescentes que possuem questões de saúde física e mental e/ou são Pessoas com Deficiência (PCD), esse cuidado individualizado e constante faz-se ainda mais fundamental. A família acolhedora deve ser criteriosamente avaliada pela equipe técnica para garantir que tem possibilidade de atender às demandas que as questões de saúde exigem. Nesses casos, o acompanhamento feito pelo SFA deve ser ainda mais próximo e mais personalizado.
Como deve ser o perfil da família acolhedora que recebe crianças e/ou adolescentes com questões de saúde ou deficiência?
Os acolhidos com questões de saúde demandam mais atenção e sensibilidade da família e o acolhimento pode até ser mais cansativo em alguns momentos. A família acolhedora que atende crianças ou adolescentes com questões de saúde deve possuir disponibilidade de tempo maior para realizar o cuidado e para acompanhá-lo eventualmente em consultas em horário comercial. Sugere-se também que pelo menos um membro do núcleo familiar tenha experiência prévia com cuidado de crianças, adolescentes e/ou adultos com questões de saúde. Além disso, a família acolhedora também deve ser capaz de manter um diálogo aberto e saber pedir auxílio da equipe de referência quando necessário.
Além das questões apontadas, um outro aspecto fundamental é a existência de uma rede social para a família acolhedora, afinal todas as pessoas necessitam de uma rede de apoio, tanto para suporte emocional quanto para o âmbito prático. Sendo assim, duas perguntas básicas podem ser feitas à família que possivelmente irá acolher essa criança e/ou adolescente com questões de saúde e/ou deficiência: este núcleo possui contatos próximos que podem auxiliar no cuidado da criança ou adolescente? Esta rede de pessoas é capaz de apoiar a família em momentos de emoções negativas e de problemas? Se sim, essa pode ser uma rede de apoio efetiva.
E como deve agir a equipe profissional do SFA?
O acompanhamento nestes casos é mais minucioso desde a escolha da família com melhor perfil para acolher a criança e/ou adolescente com questões de saúde e/ou deficiência. Para isso, é importante que os profissionais do SFA entendam bem a situação e conversem com os profissionais que já estão envolvidos no acompanhamento da criança ou adolescente que será acolhido. É interessante que a família acolhedora também participe dessas conversas. Também será um trabalho da equipe do SFA mapear todos esses profissionais e auxiliar a família na organização de uma rede de atendimento.
Além do acompanhamento mais próximo, sempre respeitoso e afetivo, deve-se fazer uma preparação específica das famílias que acolhem ou acolherão crianças e adolescentes com questões de saúde. A troca de experiências, o diálogo aberto e lições aprendidas podem ajudar a preparar melhor as famílias a enfrentar possíveis situações futuras.
Dessa forma, a equipe técnica do SFA deve reforçar às famílias acolhedoras a importância de um acolhimento inclusivo, respeitoso e que potencialize o valor dos acolhidos e de suas famílias de origem, em todas as suas características ou particularidades, sejam elas de saúde, de religião, de gênero, de sexualidade, de raça etc. O acolhimento só será de qualidade se houver uma atitude respeitosa, em que seja possível conviver com e celebrar todas as diferenças. Isso porque a família acolhedora exerce o papel de referência afetiva para a criança e/ou adolescente. E, assim, seus valores, visões e formas de lidar com a diversidade impactam diretamente a criança que está sob seus cuidados, inclusive influenciando a formação de sua visão sobre si e sobre o mundo.